O Grupo de Danças e Cantares Besclore foi fundado em 1987, é uma das vertentes do Grupo Cultural e Desportivo dos Trabalhadores do Grupo Novo Banco.

Composto por cerca de 40 elementos visa “recolher, representar, promover e divulgar as tradições, usos, costumes, danças e cantares do povo do Alto e Baixo Minho português”. Iniciando a sua representação etno-folclórica nas danças, nos cantares e no trajar do final do XIX, princípio do séc. XX.

O Grupo leva já alguns anos de actividade na exibição da policromia dos trajes de Viana do Castelo, do requinte dos trajes de Braga, da elegância das modas dos vales dos rios Ave e Este, e da vivacidade e alegria contagiante das modas da Ribeira Lima e Serras d`Arga e Soajo.

Tem ao longo dos anos participado em inúmeros espectáculos, festivais de folclore e romarias de Norte a Sul do Pais.Além de Portugal, o Besclore já se exibiu em Espanha, França, Inglaterra e Itália.


Fotografia de Grupo de Agosto de 2014
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Entrudo no Alto Minho, o Pai Velho no Lindoso - Ponte da Barca





Entrudo e Carnaval são duas palavras com etimologias diferentes mas significando este mesmo período que vai desde o Domingo da Septuagésima até à Quarta - Feira de Cinzas.  Entrudo, deriva do latim (introitus) significando "entrada" ou começo do ano, da primavera ou, mesmo, da entrada da Quaresma.

As interpretações, dentro da tradição romana remontam às Saturnalias, festas em honra de Saturno cujos ritos e cerimonias tinham como objectivo despertar do novo ciclo da Mãe / Natureza; às Lupercalias, que se celebravam ao redor do 15 de Fevereiro, assegurando a fecundidade dos homens, animais e campos e às Matronalias, festa dedicada às mulheres que nestas datas tinham poderes especiais sobre os homens.

Quanto à origem Grega provém das festas em honra de Dionísios, Deus do vinho e da inspiração.

É com o aparecimento da cultura cristã que o Entrudo nos aparece como celebração fortemente ligada ao período abstinencial imposto durante o período da Quaresma.

Outras etimologias são atribuídas à palavra Carnaval: uma Italiana "Carnevale" isto é proibir a carne, em período de quaresma; uma outra origem celta ou germânica, ligada aos " Carrus Navalis" isto é, barcos com rodas, apresentação tão querida dos romanos que passeavam assim o seu "Carnaval".

Seja como for o Entrudo ou Carnaval seria uma festa cujo significado e vivência estará sempre de acordo com a cultura de cada povo. Representando um subconsciente colectivo, não deixa de ser, também, uma festa de liberdade, onde tudo é permitido fazer-se, e onde preceitos e costumes se esquecem para permanecer durante três dias o quase "vale tudo". 

Válvula de segurança do sistema de poder ( cansados da vida rotineira de um ano), há um clássico abrandamento da autoridade no Entrudo sempre mais atenta à problemática social que às manifestações lúdicas e festivas. Por isso, as máscaras, a censura popular e a moda colectiva de se parodiar toda uma existência satirizando-se, ridicularizando, causticando, virando-se, praticamente, tudo do avesso: os homens viram mulheres; as mulheres, homens e a máscara é a caricatura da própria vida local.

No Alto Minho, felizmente, o Carnaval vai-se mantendo em todos os Concelhos com os tradicionais corsos. Porém, a tradição obriga-nos a ir até ao Lindoso (Ponte da Barca) e, ai, assistir aos cortejos imemoriais do Pai Velho.


PAI VELHO


Quem é este Pai Velho? Uma espécie de despedida do Inverno e o acolhimento à Primavera que está a chegar? Recordação das festas dos "loucos medievais", colocando um ponto final ao tempo de excessos que precedem a Quarta – Feira de cinzas ? O rito da fecundidade estimulado por uma nova seiva que vai surgir após as longas noites do solstício do Inverno?

O cerimonial mantem-se quase com os mesmos ingredientes medievos que encontramos na "Vaca das Cordas", ou na "Procissão do Corpo de Deus", em Monção com a tradição do Boi Bento, do Carro das Ervas, do Dragão e do S. Jorge, ou na Senhora D’Agonia com os seus Gigantones e Cabeçudos. Cumpre-se a tradição em Terras do Lindoso, sempre na época do Entrudo, nos lugares de Castelo e de Parada. Em dias de Domingo Gordo e Terça – feira de Carnaval .

Em frente aos espigueiros e à eira comunitária, tendo como cenário o Castelo Medievo, o busto de madeira do Pai Velho transportado num carro de bois, seguido de outro carro de bois, Carro das Ervas, engalanados, com a chiadeira habitual, tilintando de campainhas e com as cangas ornamentadas de monelhas, ramos de flores em cada chifre; à frente a lavradeira, camponesa rústica qual loura Ceres ( Deusa da Fecundidade), bem ourada com os cordões das avós; atrás as rusgas de concertinas, bombos, ferrinhos e castanholas e a que não faltam as máscaras dos mais foliões… eis os cortejos de Domingo Gordo no lugar do Castelo, depois da missa (11.00 horas ) e, da parte de tarde, no lugar de Parada (14.30 horas), com idêntico cerimonial. Tudo se esconde até terça – feira de carnaval onde idênticos cortejos se realizam ainda com festa mais rija, para terminar depois dos bailaricos, nos dois lugares, com o enterro do Pai Velho, cerca da meia noite, em que se atinge o clímax do ritual colectivo concretizado na queima do boneco de palha e a leitura do seu testamento. Pai Velho que não despensa o "seu" ritual gastronómico em dia de Domingo Gordo.

E são os rapazes e raparigas que cantam os Reis que tem a obrigação da ceia composta pelo tradicional cozido onde não faltam a orelheira, salpicão de fumeiro, tracanaz de presunto (e o que lhe davam mais), os chispes (unhas de porco) e o focinho do reco. Se lhe acrescentarmos umas boas costelas barrosãs e um pé descalço, mais umas chouriças de cabaço, ai temos o cozido do Lindoso em honra do Pai Velho: duas travessas fumegantes a rescender a sabores de salgadeira, da vezeira e do quinteiro: a das carnes; outra com batatas, cenoura e couve galega; o alguidar tortulho com arroz branco e rodelas de chouriça, paio e salpicão, tudo acompanhado de um verde tinto a deixar nas malgas vidradas uma velatura de musselina rósea. E as grâ - mestras da cozinha do Lindoso a dizerem-me prazenteiras e sorridentes: bom proveito, que lh’apreste. 




Fonte: http://www.gastronomias.com/cronicas/entrudo.htm , Texto de Dr. Francisco José Torres Sampaio - Presidente da RTAM (Região de turismo do Alto Minho)

Trajes de Sargaceiro e Sargaceira - Apúlia, Esposende



A longa permanência dentro de água fria provoca, necessariamente, o arrefecimento do corpo. Pensa-se que tenha sido esta a razão que levou o sargaceiro a adoptar a fazenda de pura lã, na sua côr natural, para a confecção da indumentária que usa na faina do mar.

Branqueta é o nome que designa o casaco de abas largas, tipo saio romano, até meio da coxa, cingido ao corpo até à cintura e alargando para baixo, em forma de saiote, de modo a deixar inteiramente livres os movimentos das pernas. É abotoado de alto a baixo por pequenos botões do mesmo tecido, grosseiramente feitos em "boneca" e remata, no pescoço, com gola baixa. As mangas são compridas e justas ao braço. A gola, os punhos e as frentes são debruados com pesponto grosso e largo, geralmente duplo ou triplo, formando barra. Sobre o peito, à esquerda, alguns sargaceiros fazem bordar, sempre com a mesma linha grossa e forte do pesponto, a sua inicial, ou qualquer outra sigla que o identifica. À cintura o sargaceiro usa largo cinto preto, de cabedal. A branqueta é toda confeccionada à mão, com linha resistente, para suportar o embate das ondas.


Na cabeça o sargaceiro usa o Sueste, espécie de capacete romano, com copa de quatro gomos reforçados e duas palas: uma, curta, na frente, e outra, mais larga e comprida, atrás. Deste modo é-lhe possível "furar" as ondas alterosas sem que a água lhe molhe a cabeça e o pescoco, e lhe penetre nas costas. Feito do mesmo tecido da branqueta, passa por diversas fases de impermeabilização e é, por fim, pintado com tinta branca. No cimo da copa leva, pintada a vermelho, uma cruz, e dos lados o nome de Apúlia e qualquer outra referência ao gosto do proprietário, habitualmente uma data.
A textura da branqueta que, como já foi dito, é de pura lã, permite ao sargaceiro permanecer várias horas molhado mas conservando a temperatura normal do corpo, enquanto se mantém em actividade.


A mulher sargaceira assume um papel secundário durante a mareada, já que o trabalho árduo e perigoso de enfrentar as ondas é da exclusiva responsabilidade do homem. Por isso a sua indumentária é mais delicada e, normalmente, apenas entra no mar com água até ao joelho, para ajudar o homem a arrastar para terra o galhapão cheio de sargaço arrebatado ao mar. Assim, ela veste saia rodada, do mesmo tecido da branqueta, bem cingida à anca por larga faixa preta, sarjada, e blusa branca, de linho. Um colete adamascado preto, sem mangas, e bordado a linha de seda em cores garridas, envolve-lhe o tronco e protege-lhe o peito. Na cabeça usa lenço de merino.


Quando sai de casa põe, nas costas, um xaile de merino à moda do Minho e, na cabeça, um pequeno chapéu preto, de feltro, de copa baixa, redonda e de abas estreitas, que leva, na frente, uma pequena moldura de prata, habitualmente com um espelho. Mas, sempre que a sargaceira está "comprometida" ou casada, retira o espelho da moldura e, no seu lugar, coloca a fotografia do seu amado; se mantém o espelho no chapéu é sinal de que é livre e "descomprometida".






Fonte: G.F. Sargaceiros de Apúlia: http://www.sargaceiros.com.pt/http://www.folclore-online.com ; Fotos apintocoelho :http://picasaweb.google.com/apintocoelho/MareadaRecriacaoDaApanhaDoSargacoApulia#

Carpideira

Nos tempos dos nossos antepassados existia uma profissão chamada Carpideira que consistia em chorar para um morto em troca de dinheiro. 

A carpideira era uma profissional feminina cuja função consistia em chorar para um defunto alheio. 

Era feito um acordo monetário entre a carpideira e os familiares do defunto, a carpideira chorava e mostrava seus prantos sem nenhum sentimento, grau de parentesco ou amizade.

O principal objetivo era levar os participantes no velório ao choro e lamento, mesmo que o defunto não merecesse.

Deixo-vos um trecho da recolha de Michel Giacometti sobre este assunto.


"O Soajo, embora mantendo arcaísmos que são típicos das velhas sociedades agro-pastoris, não parece ter conhecido – ou, pelo menos, não conservou – formas musicais significativas que reflictam a condição dos homens que aí vivem. Contudo, não podemos deixar de reconhecer o valor documental, musicológico e sociológico dos espécimes recolhidos no Soajo, os quais, na sua expressão singela e despida de qualquer enfeite, se identificam ainda hoje com a terra e os homens.

Numa paisagem deslumbrante, prosseguimos a nossa viagem pela serra do Soajo, até à povoação raiana da Várzea. Várzea é uma das poucas terras do país onde ainda é costume «chorar os mortos»; ou seja improvisar, para os que vêem de morrer, uma lamentação pobre e desesperada. «Choram-se» os seus próprios mortos ou manda-se «chorar» uma carpideira, que fará o serviço em troca de um alqueire de trigo ou coisa parecida.

É claro que quando chegámos à Várzea, não havia ninguém que tivesse morrido de propósito, a quem a carpideira da terra, nossa conhecida de há muito, pudesse prestar a sua homenagem fúnebre. A pobre mulher, cujo ganha-pão é subir as encostas e correr léguas em fim até ao Soajo para receber o correio da gente da terra, tinha sido avisada do que pretendíamos. Agora, porém, teimava em não chorar: que não choraria, que já da última vez – há mais de dez anos – tinha chorado contra vontade para este mesmo senhor estrangeiro que guardou tudo numa caixa e levou para Lisboa. Portanto, que não choraria, por mais que se lhe pagasse. Mas como não chorar, quando a vida é esta e a dor é paga! 

 Choraste, mulher, choraste, e recebeste o salário das tuas lágrimas, e agora foges entre os espigueiros, que guardam os poucos bens daqueles que tão pouco têm.


A melopeia, na sua expressão simples, constitui um exemplo raro entre nós de canto da morte – embora não possuindo as qualidades que fazem deste canto, na Córsega, na Sardenha ou na Grécia, o género musical talvez mais significativo da tradição destes povos, tanto pela forma a um tempo rigorosa e livre, como pela elevação dos sentimentos traduzidos em versos de uma pungente beleza. Todavia, expressões como estas da nossa carpideira: «Leve-me consigo», «Iremos os dois no seu caixão», ou «Você não é costume ficar tão caladinho», são comuns a todos esses povos.

Carpideira é uma profissional feminina cuja função consiste em chorar para um defunto alheio. É feito um acordo monetário entre a carpideira e os familiares do defunto, a carpideira chorava e mostrava seus prantos sem nenhum sentimento, grau de parentesco ou amizade."




Fonte -  Gravado para o programa "POVO QUE CANTA" da RTP.Programa nº 35 - 1970.  Autor: Michel Giacometti.

Castanholas


Ao contrário da que muitos de nós podemos pensar, castanholas não são apenas um instrumento de terras de Espanha, elas também existem em Portugal, tocadas e feitas por mãos habilidosas. São talhadas nas mais variadas formas e feitios e como que esculpidas com a ponta da navalha.


A castanhola é um instrumento de percussão criado pelos fenícios há três milénios que foi introduzido nos demais países do Mediterrâneo através do comércio marítimo desenvolvido por esse povo.

É constituído por dois pedaços de madeira de castanheiro em forma de prato fundo, perfurado e ornamentado com uma fita que se coloca em redor do polegar. O seu nome deriva do seu formato, que lembra uma castanha.

As castanholas emitem um som seco e oco, de entoação imprecisa. São de origem espanhola, se bem que sejam conhecidas desde o tempo dos Romanos, são populares também em Portugal, assim como alguns países hispano-americanos.



As castanholas servem de acompanhamento rítmico para muitas danças folclóricas, como o flamenco, por exemplo. Na orquestra são colocadas no extremo de uma pequena vara que é agitada, facilitando deste modo a sua execução a estrangeiros. Empregam-se na música erudita para obter um colorido espanhol, por exemplo, Carmen de G. Bizet.

Em qualquer par de castanholas há uma que tem o som mais agudo do que a outra, distinguindo-se, respectivamente, com os nomes de castanholas-fêmea e castanholas-macho. Para tocá-las, tem que segurá-las com o polegar através do cordão que as une; o qual atravessa a sua parte superior, chamada "orelha", fazendo-as estalar através da percussão rítmica dos restantes dedos. Em algumas ocasiões, as castanholas de uma das mãos batem com as da outra, dependendo dos passos de baile. Também podem ser produzidos efeitos de glissando, ondulando (alternando as duas mãos), trilos e rufos vêm do norte de Portugal.

Na região do Minho os bailadores tocam e dançam com as castanholas assim dando uma beleza à própria dança.




Harmónica





A harmónica , gaita de beiços, também conhecida como realejo , A gaita possui em sua embocadura um conjunto de furos por onde o instrumentista sopra ou suga o ar. Devido ao seu pequeno tamanho, a gaita não possui caixa de ressonância. O gaitista pode usar as mãos em concha para produzir variações de intensidade. Quando executada em conjunto com outros instrumentos, é comum que ela seja amplificada eletronicamente. A gaita é bastante usada no blues, rock and roll, jazz e música clássica. Também são muito comuns os conjuntos compostos apenas de gaitas, as chamadas Orquestras de Harmônicas, que normalmente tocam músicas tradicionais ou folclóricas.

História


A gaita teve sua origem em um antigo instrumento chinês, o sheng, que foi inventado há mais de cinco mil anos e que funciona pelo princípio de palhetas livres. Esta técnica de produção sonora gerou uma grande família de instrumentos acionados por foles ou bombas de ar, como o acordeão e a melódica. Em órgãos é comum que alguns tubos sejam flautados e outros utilizem palhetas livres para produzir sons com timbres diferenciados.







A apanha do sargaço


O minhoto soube aproveitar as condições do meio e fertilizar as areias com os produtos do mar. A apanha de algas assumiu grande importância ao longo da costa Norte. Os campos estéreis da beira-mar foram enriquecidos com pilado – caranguejos em cardume – e sargaço.


Hoje, com a generalização dos adubos químicos, esta actividade está em declínio. Mas, em certos locais, a apanha das algas tem ainda alguma importância. Em Castelo do Neiva, nas primeiras horas da manhã, ainda é possível observar os apanhadores de algas. O sargaço é apanhado nos meses de Verão. Os sargaceiros entram no mar e com o redenho recolhem as algas que estão à superfície ou submersas, junto ou próximo da praia.


Antigamente, os sargaceiros, antes de entrarem no mar, envergavam branquetas, um casaco de tecido de lã, grosso e branco, que envolve o corpo dos sargaceiros até ao joelho. Na cintura é cingido por um cinto de couro e a parte de baixo é rodada.



Quando o mar já não permite a apanha, os montes de algas molhadas não transportados para os sequeiros, nas dunas, em cestos, padiolas ou carros de mão com duas rodas. Nos sequeiros as algas são estendidas com o auxílio do engaço – uma espécie de ancinho.


Uma vez secas, as algas são empilhadas, formando uma palhota. A parte superior é coberta por um telhado de duas águas, construído com colmo. Aí ficam até serem transportadas para os campos que vão fertilizar.







Fonte: http://www.folclore-online.com - “Cores, sabores e tradições – Passeios no Vale do Lima”; livro a Mareada em Apúlia de Carlos Basto.
             vídeo retirado do youtube
             imagens retiradas do google e do livro A Mareada em Apúlia

O Ouro do Minho – O Ouro de Viana


Introdução

Etnograficamente, a mulher minhota sabe, como ninguém, usar o ouro. O fio de contas e os brincos não contam como ouro. São elementos amuléticos, as contas pela sua parecença com o sol, a lua e as estrelas. Os brincos (porque obrigam a furar as orelhas), desde os botões que ataviam os alvores da infância, até aos brincos “à rainha” ou as “argolas” e “arrecadas” protegem a cabeça através de orifícios mais expostos aos espíritos malignos (esterilidade). Por isso, a rapariga de Viana no seu traje de trabalho ou de cotio não se sente “ourada” quando usa brincos e colar de contas (este, às vezes, com uma “pendureza”, normalmente, uma borboleta).

O Ouro do Minho – O Ouro de Viana


No Traje de Domingar e já a fazer versos nos lenços de amor, usa o primeiro cordão que lhe concede o estatuto de rapariga namoradeira (namorar no Alto Minho significa já a possetudo o que aconteceu antes é “flirt”, assunto de conversados). Por isso, este cordão é oferecido pelos pais, melhor, pela mãe. Era a mãe que escolhia se era um cordão grosso (soga), ou um cordão fino (linha); nunca um cordão (oco). Este acto realizava-se pelo S. João, já que era nesta altura que a mãe colocava, também, ao pescoço da filha, o amuleto da moeda de três vinténs ou um conjunto de três moedas, furada(s), pelo orifício da qual se passava um fio de linho, de pontas unidas com três nós sobrepostos.

Na noite de S. João e antes da sua “iniciação” às fogueiras ou ao arrincar dos linhares, a filha tinha que jurar à mãe não mostrar o amuleto fosse a quem fosse e só o tiraria quem o colocou. Daí, a tradição da mãe tirar os três vinténs do pescoço da noiva, precisamente, na hora de sair de casa para a Igreja. E o povo não deixou de referir este acontecimento na seguinte quadra: com um homem de certa idade / casou a minha vizinha / ele tinha os três vinténs / mas ela nem isso tinha.



O Traje de Feira, mete negócio e “chieira” e um outro ourar. Duas informações: Ramalho Ortigão nas “Farpas” (1885) refere o ouro das lavradeiras no mercado semanal em Viana – Jovem viúva, tecedeira em Cardielos (arrecadas, o colar de ouro); uma velha, sessenta a setenta anos (arrecadas de filigranas, colar de grandes contas, de ouro polido). Leite de Vasconcelos (O Traje em 1917) diz: “Muito Ouro, costumava dizer-se para a missa o que puderdes, para a feira quanto tiverdes”.


Só o “traje de festa”, também designado por “traje de luxo” é que “obriga” a rapariga a aparecer “ourada”. E isto significa, quando são mordomas, a aquisição do segundo cordão com “peças” (medalhas de libra ou meia libra), borboletas (corações invertidos), a “laça”, os brincos “à rainha”, a pregadeira das “três libras”, a “Santa Custódia” ou “Brasileira” a lembrar tempos de emigração.

Traje de Noiva – obriga ao terceiro cordão, oferta do noivo – um cordão grosso, a “soga”, um cordão “de bom cair” pelo seu muito peso; ao trancelim.

Traje de Morgada – sinónimo de casa farta, boa lavoura, tulha cheia, soalhos encerados e o cheiro a mosto das adegas. Uma só jóia na casaquinha justa – a gramalheira / grilhão / bicha. Gramalheira - por se assemelhar a uma corrente grossa usada para suspender os potes de três pernas da lareira; grilhão - pela sua analogia com as correntes metálicas; bicha – pela semelhança da parte do colar a uma cobra com escamas. A união do colar – ao centro com chapas de ouro lisas e geometricamente recortadas – faz-se com uma roseta em relevo com pedras. Dos braços laterais caem franjas e, ao centro, o medalhão que pode atingir 20 centímetros com os mais variados motivos folclóricos. (...)



O Uso do Ouro – Os Amuletos – As Promessas


A Mulher Fanada

Já vimos que o fio de contas e os brincos não contavam como ouro, mas sim como amuleto. A mulher nunca tirava o fio de contas do pescoço, nem o brinco das orelhas. O povo era contumaz sempre que uma mulher aparecia sem brincos: era uma mulher fanada! Tradição de tal modo importante que à nascença de uma menina eram logo perfuradas as orelhas e colocados uns brincos designados botõezinhos oferecidos pela sua madrinha de Baptismo. Atente-se, também, no antigo hábito de no primeiro banho do recém-nascido/nascida se lhe juntar moedas ou peças em ouro na convicção premonitória de ser rico/rica.



Também, a água desse primeiro banho deveria ser em caso de rapaz lançada à rua para que ele fosse andarilho, se menina era guardada dentro de casa e lançada na “comua” para que fosse caseirinha. As mães punham ao pescoço no berço e até na cintura das crianças, medalhinhas, figas, sino – saimões – para as defender das bruxas, do mau olhado ou quebranto. A forma, também, das peças de ouro estavam adaptadas às crenças que vinham dos antepassados, quer na forma esférica ou arredondada como acontecia com as contas de Viana ou nas formas lunulares que nos aparecem nas arrecadas, nos brincos à Rainha, nos brincos de “chapolas”, parolos ou de luas. O sol e a lua aparecem-nos com simbologias antigas em que a Deusa Lua era a filha do grande Deus Sol (civilizações Egipcía e Maia), dizendo-nos que, quer a lua quer o sol, sempre exerceram imenso fascínio nas pessoas.



O poder de exorcismo e purificação

O mesmo podemos dizer dos triângulos invertidos. O triângulo com o verso para cima simboliza o fogo e o sexo masculino (signo alongado); com o verso para baixo simboliza a água e o sexo feminino (signo cheio), ambos ligados à fertilidade. 

É nas arrecadas de Viana que se constata todo este poder amulético:

           a) pela forma lunular na “Janela” ou “pelicano” ou “bambolina”;



           b) A presença de campainhas (antigamente chocalhos) comum em todas as religiões no seu número ímpar. As campaínhas têm a virtude de afastar os maus espíritos tal como o “reque-reque” pelo barulho que faz;


        c) Os SS de filigrana são uma estilização dos patos a voar (símbolo da união e da fidelidade conjugal – macho e fêmea – nadam sempre juntos);

           d) O triângulo invertido na parte terminal da arrecada é a estilização de um cacho de uvas (fertilidade).

Não esquecer que os ouvidos são os únicos orifícios que não têm válvulas e estão permanentemente abertos ao exterior e vulneráveis, quer à entrada nos maus espíritos como à saída dos bons. Por isso, é que a mulher do Minho tem obrigatoriamente de usar brincos ou arrecadas, mesmo a dormir, pois tem sempre receio do mal pior: ser estéril.



Povo que lavas no rio / A Senhora da Peneda


“No princípio do primeiro escadório, cá em baixo, onde as promessas principiavam, uma lavradeira vestida com o fato de pano preto do seu noivar e do seu mortório, entrara para um caixão. Soubemos mais tarde que prometera todo o seu oiro, mais aquele sacríficio de se amortalhar, se a Senhora lhe trouxesse, vivo e são, o namorado embarcadiço, na altura, para as bandas da Gronelândia. 

E o rapaz voltara!


Logo, o casamento dele com a Deolinda Ruça marcou-se para o Natal próximo. Todavia, antes, a rapariga quis cumprir a jura, atravessando, sem fala, a serra. Como andava descalça, ela, que era mimosa, trazia os pés em sangue. Seis homens de roupa escura (entre eles o pai e o noivo!), pegavam-lhe, agora ao caixão. 

À frente, ia o padre.E o cortejo avançou, lentamente, pelo vasto largo da romaria, subindo, em seguida, a grande escadaria que termina lá no alto da encosta. À porta do templo, o préstimo deteve-se. E o sacerdote entrou sozinho, na igreja, enquanto que os homens de roupa escura, pousavam sobre o lajedo, o caixão, para descansar um pouco. Depois, o pai da moça procedeu à abertura da urna. Mas de súbito recuou! Quis falar e não pôde. Os outros debruçaram-se, então, sobre o esquife. Foram a ver A Deolinda estava morta.”

(Homenagem a Pedro Homem de Mello - Afife/2004)

Uma nota final / Seguindo os apontamentos sobre o ouro de Maria Emília de Vasconcelos:

Como já vimos em toda a entrega do ouro aparece-nos a Grande Mãe como a Matriarca da família. Mesmo quando pedida em casamento, na ida a Viana com o noivo e os pais do noivo, a Mãe estava junto à filha. Então o povo dizia o seguinte: - Foram ao “ulives” para ourar a noiva.

Ultimamente tem-se verificado que a colocação do Ouro no diverso trajar (Cotio,  domingar, Feirar, Peditório, Luxo, Mordoma, Noiva e Morgada) não está a observar as regras que recebemos dos nossos maiores e dizem respeito à tradição. 

Assim repetimos: o que usa e como usa (a Minhota) no seu corpo, o ouro?

Ao pescoço - colares de contas, cordões, gargantilhas, trancelins e grilhões (cordões como já dissemos devem dar pelo menos três voltas e cair folgadamente no “colo” da Lavradeira, tendo sempre pendurada na parte mais comprida uma das seguintes peças: borboleta, cruz raiada de filigrana, cruz fundida ou maciça, peça ou medalha, custódia ou laça.

Ao peito - as chamadas pendurezas que podem ou não estar ligadas, quer aos cordões, quer ainda, aos trancelins e mesmo aos colares de contas: crucifixo, cruzes de Malta, cruzes de sacramento, cruzes de canovão e cruzes barrocas, imagens de Nossa Senhora da Conceição ou as Senhoras do Caneco, relicários, laças, corações (opados e em chapa e que podem ser barrocos, de bico, de chapa, duplos, filigranados ou coroados, flamejantes, opados, de segredo, simples e de veneras), borboletas, alfinetes (de moedas de libra ou de cavalinho que conforme diz a cantiga “são lindas, elegantes, comparantes aos meus beijinhos”; de laço com ou sem pedra), pregadeiras, custódias (brasileiras ou lábias), peças e medalhas.


Nas orelhas – brincos à Rainha ou à Vianesa ou picadinhos; brincos à Rei, arrecadas de filigranas, brincos de moedas de imitação (libras, meias libras, quintos e quintinhos); brincos de chapola, parolos ou de luas; argolas (barrocas, carretilha, a cigana, de leque com ou sem turquesas, torcidas, regueifa, indiana, carniceiras ou de Barcelos).


Nos pulsos – pulseiras de chapa e de trancelim.

Nos dedos – anéis de argola, de cordão e de chapa.

A colocação de qualquer “peitilho” onde foi colocado o ouro que faz parte da montra da Lavradeira está contra a tradição e como tal deverá ser corrigido. Igualmente, e conforme referia o sempre lembrado Amadeu Costa qualquer colocação do ouro abaixo do umbigo, igualmente é reprovado porque é um atentado ao pudor uma vez que os olhos maliciosos são levados a fixar-se em partes mais íntimas do corpo. Também, uma mulher nunca ia trabalhar ourada porque era uma forma de má administração e até falta de precaução; em contrapartida, o fato de ir à feira já deve ter uma boa aparência para que corra bem o negócio, nunca esquecendo, porém, que o “ouro” tenta os ladrões.


Recomendo a visualização do documentário Ouro Tradicional de Viana do Castelo, realizado pela Associação ao Norte. Aqui fica o link.




Fonte: http://www.folclore-online.com - Francisco Sampaio, in Brochura “Festa do Traje” - Romaria D’Agonia – Viana do Castelo - 2006
Fotografias retiradas do google

A Rabeca Chuleira

A Rabeca Chuleira representa a modificação do violino vulgar, popularizado certamente apenas no decurso dos séculos XVII ou XVIII é um violino popular de braço curto e escala muito aguda, que aparece numa área centrada em Amarante, que vai até ao Douro, Guimarães, Lousada e Santo Tirso, ligada a uma forma musical (e coreográfica) peculiar a essa área — a chula. . A rabeca tem quatro cordas friccionadas por um arco e o seu braço é mais curto que o do violino.

violino e rabeca chuleira
Violino e Rabeca Chuleira

Excerto da grande obra de Michel Giacometti onde se pormenoriza sobre um dos mais antigos instrumentos tradicionais de Portugal.


Os Espigueiros

Os Espigueiros são monumentos de arte popular que evocam a cultura do milho 


Um pouco por toda a região do noroeste peninsular, surge frequentemente na paisagem rural um tipo de construção bastante característica que, pela graciosidade que possui, tornou-se num elemento emblemático daquela região – o espigueiro!

Também designado por canastro ou caniceiro em função dos materiais empregues na sua construção, o espigueiro constitui um celeiro onde o lavrador guarda as espigas. De posse particular ou comunitária, a dimensão do espigueiro reflecte a grandeza da produção que normalmente é efectuada. De modo idêntico, a sua ornamentação depende da fantasia do construtor e dos recursos do proprietário.




Os espigueiros encontram-se, em regra, implantados em zonas onde o terreno é mais elevado de forma a permitir a secagem do milho. Nas imediações, encontra-se a eira que aproveita as características de um solo mais plano e lajeado. É aí que se malha o centeio onde se desfolha o milho, dando lugar às alegres descamisadas que constituíam um pretexto para a escolha do namorico.

A origem deste género de construções encontra-se principalmente ligada à introdução da cultura do milho na Península Ibérica de onde irradiou para o resto do mundo. Outrora designado por “trigo índio”, o milho deverá ter-se originado do México de onde, há cerca de quinhentos anos, foi trazido nas naus de Cristóvão Colombo. Desde tempos imemoriais, o milho constituiu a base da dieta alimentar dos maias, incas e aztecas que o incluíam nos seus ritos ancestrais e o celebraram nas suas manifestações artísticas.

A sua implantação, entre nós, registou-se sobretudo na região do Minho e da Galiza, facto a que certamente não foram alheias as condições favoráveis à sua produção e onde prevalece a cultura de regadio. Com o decorrer do tempo, o cultivo do milho passou a estender-se a outras regiões, nomeadamente no centro do país onde predomina a cultura de sequeiro.

A imagem mostra os rudimentares Caniceiros, no Soajo, em 1911 Foto: Ilustração Portuguesa

Em relação ao espigueiro, estes apresentam-se das mais variadas formas e dimensões de acordo com as quantidades de grão a armazenar, as regiões onde se encontram e os materiais disponíveis para a sua construção. Em localidades onde a pedra escasseia, os espigueiros são geralmente construídos em madeira. Porém, atendendo à sua predominante distribuição espacial, a maior parte encontra-se construída em pedra e madeira. A sua fisionomia é variada, existindo sob formas rectangulares, quadradas e redondas. Contudo, ele apresentou-se inicialmente sob uma forma mais rudimentar, na maioria das vezes feito apenas de caniços com cobertura de colmo, tal como aliás sucedia com as habitações mais humildes. E, as técnicas empregues na sua construção evoluíram à medida que se foi constatando a melhor forma de secar o cereal mantendo-o simultaneamente fora do alcance de elementos indesejáveis.


Constituindo a secagem a sua principal função, o espigueiro é construído de molde a proteger as espigas da humidade, salvaguardando-as da intromissão dos pássaros, insectos e roedores, assegurando ao mesmo tempo o necessário arejamento do seu interior. E, este cuidado é tão importante quanto adverso poderá ser o inverno que se aguarda pouco tempo após a colheita do milho e as suas descamisadas.

Tomando como modelo de referência os existentes no Minho, o espigueiro é geralmente construído em madeira e pedra, quase sempre em granito extraído na região. Encontra-se frequentemente assente em pilares que o elevam do solo, sobre os quais assentam os dinteles que são os esteios que suportam toda a estrutura e onde se encaixam as aduelas. Estas apresentam-se de forma intervalada para permitir, através das fissuras propositadamente deixadas abertas, efectuar-se o arejamento do seu interior. Para prevenir o acesso das formigas, uma pequena fossa com água rodeia as sapatas onde assentam os pilares do espigueiro. De igual modo, os “torna-ratos” protegem-no dos roedores. Regra geral, são cobertos de telha, existindo porém alguns que se apresentam com cobertura de colmo ou em pedra, sendo mais frequentes nestes casos em lousa e piçarra.

Para além dos elementos arquitectónicos que caracterizam o espigueiro, este é frequentemente encimado por algum elemento de adorno, na maioria das vezes uma cruz, pretendendo-se assim abençoar o milho que se irá transformar, tal como o padeiro que, antes de levar o pão ao forno, procede de forma solene a acompanhar a ladainha.

Persistem em diversas localidades hábitos ancestrais que levam à utilização comum dos espigueiros de acordo com costumes e leis comunitárias. Encontram-se neste caso a eira que se aninha junto às muralhas do castelo do Lindoso, em Ponte da Barca, e no Soajo, em Arcos de Valdevez, onde o seu uso se estende ainda a práticas iniciáticas que contemplam o alojamento dos noivos que aí vão dormir juntos antes da celebração do casamento.

Mais do que propriamente meros celeiros onde se guardam as espigas das quais se produzirá o pão que vai à mesa do agricultor, amassado com o suor do seu próprio rosto e benzido com a sua Fé, os espigueiros constituem verdadeiras obras de arte popular que reúnem uma elevada carga simbólica, quais sacrários onde o povo guarda o alimento para o ano inteiro e, como tal, sinalizado com a cruz que o protege e resguarda de toda a maldição. Como tal, devem ser preservados como um dos mais ricos elementos do nosso património cultural de interesse etnográfico.

Espigueiro existente na Cabração, Ponte de Lima. Foto: Carlos Gomes

Fonte: http://www.folclore-online.com, Texto de Carlos Gomes, imagens do texto original e retiradas do google.

Recomendo a visualização do vídeo Milho à Terra, realizado pela Associação ao Norte.


Chinelas de Viana

Samuel  Carvalhosa é mais do que um sapateiro à moda antiga. O seu trabalho transcende o de remendar solas de sapatos. É o único a fazer, à mão, as tradicionais chinelas de Viana de verniz usadas com o típico traje vianense. Jeito que herdou do pai, António Carvalhosa, que andou nisto durante 70 anos. Quem entrar na sua loja no centro de Viana vê-o a trabalhar ao vivo, à conversa com quem entra, quase sem levantar os olhos dos moldes e da navalha que há de dar vida às chinelas.

"Tinha 13 anos quando fiz as primeiras." Hoje, aos 39, continua a não fazer outra coisa: lisas, bordadas à mão pela mãe ou pela mulher, com vidrilho (chegou a fazer uma destas para Amália Rodrigues). Mas Samuel Carvalhosa não se tem limitado a criar as tradicionais chinelas.

A partir delas já desenhou chinelos de quarto e gosta de inovar nos materiais, usando por exemplo, a ganga, para as tornar mais trajáveis. O artesão gostava que a chinela de Viana fosse também certificada. "Isto vai perder-se.

Acabando eu de as fazer, não vejo que alguém continue. Faço isto por amor, esta arte não dá dinheiro. Não é uma indústria e a certificação dava-nos um certo estímulo."





Canto das Santas Cruzes - Soajo - Arcos de Valdevez

Uma das tradições mais antigas de Soajo, Arcos de Valdevez, é a comemoração da Paixão de Cristo vulgarmente conhecida pelo canto das Santas Cruzes. Celebra-se todos os anos com início na Quarta Feira de Cinzas e dura até as endoenças da Quinta Feira Santa. Os homens reúnem-se ao toque do sino depois da ceia, no Adro da Igreja e dividem-se em dois grupos. Cada grupo integra um rapazinho para fazer o desdobramento com a sua voz aguda .

Sobre o ponto de vista musical as Santas Cruzes constituem uma espécie de salmodia tripartida, Como eram aliás as antigas salmodias.

Vídeo gravado para o programa Povo que Canta, RTP, 1970.