Samuel Carvalhosa é mais do que um sapateiro à moda antiga. O seu trabalho transcende o de remendar solas de sapatos. É o único a fazer, à mão, as tradicionais chinelas de Viana de verniz usadas com o típico traje vianense. Jeito que herdou do pai, António Carvalhosa, que andou nisto durante 70 anos. Quem entrar na sua loja no centro de Viana vê-o a trabalhar ao vivo, à conversa com quem entra, quase sem levantar os olhos dos moldes e da navalha que há de dar vida às chinelas.
"Tinha 13 anos quando fiz as primeiras." Hoje, aos 39, continua a não fazer outra coisa: lisas, bordadas à mão pela mãe ou pela mulher, com vidrilho (chegou a fazer uma destas para Amália Rodrigues). Mas Samuel Carvalhosa não se tem limitado a criar as tradicionais chinelas.
A partir delas já desenhou chinelos de quarto e gosta de inovar nos materiais, usando por exemplo, a ganga, para as tornar mais trajáveis. O artesão gostava que a chinela de Viana fosse também certificada. "Isto vai perder-se.
Acabando eu de as fazer, não vejo que alguém continue. Faço isto por amor, esta arte não dá dinheiro. Não é uma indústria e a certificação dava-nos um certo estímulo."
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