O Grupo de Danças e Cantares Besclore foi fundado em 1987, é uma das vertentes do Grupo Cultural e Desportivo dos Trabalhadores do Grupo Novo Banco.

Composto por cerca de 40 elementos visa “recolher, representar, promover e divulgar as tradições, usos, costumes, danças e cantares do povo do Alto e Baixo Minho português”. Iniciando a sua representação etno-folclórica nas danças, nos cantares e no trajar do final do XIX, princípio do séc. XX.

O Grupo leva já alguns anos de actividade na exibição da policromia dos trajes de Viana do Castelo, do requinte dos trajes de Braga, da elegância das modas dos vales dos rios Ave e Este, e da vivacidade e alegria contagiante das modas da Ribeira Lima e Serras d`Arga e Soajo.

Tem ao longo dos anos participado em inúmeros espectáculos, festivais de folclore e romarias de Norte a Sul do Pais.Além de Portugal, o Besclore já se exibiu em Espanha, França, Inglaterra e Itália.


Fotografia de Grupo de Agosto de 2014
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Lenda das Cinco Badaladas

Era uma vez um homem chamado Bartolomeu, nascido em Lisboa, no século XVI, e baptizado na Igreja dos Mártires, de que passou a ser grande devoto.  Bartolomeu era inteligente e piedoso. Decidiu dedicar‐se a Deus e ingressou na Ordem Religiosa dos Pregadores, recebendo o respectivo hábito apenas com a idade de 14 anos, aplicando‐se, depois, aos estudos da Filosofia e Teologia, que terminou com êxito.

Instalou‐se, então, no Convento de São Domingos de Évora, passando a usar o nome de Frei Bartolomeu dos Mártires, evocador da igreja onde recebera a água baptismal. Na cidade alentejana exerceu um louvável magistério, havendo tido, como aluno, D. António, o Prior do Crato, mais tarde, ainda que por breves tempos rei de Portugal. 

A sua dignidade de sacerdote e a sua sabedoria eram tais que a rainha D. Catarina, mulher de D. João III, o escolheu para Arcebispo Primaz de Braga, o lugar mais alto na hierarquia religiosa da Península Ibérica. Esta honrosa nomeação foi confirmada pelo Papa. As suas visitas pastorais, pelas terras esquecidas do Barroso, levaram‐no a contactar com uma população miserável e de rudes costumes, que procurou ajudar, em acções generosas e justas. Quando foi convocado para participar no Concílio de Trento, em Itália, que tinha o propósito de reformar e fortalecer a Igreja Católica, salientou‐se pela sua palavra esclarecida e esclarecedora. 

Frade Dominicano, resolveu, a dada altura, mandar edificar em Viana, então chamada Viana‐da‐Foz‐do‐Lima, um soberbo Convento, dedicado a São Domingos. E, quando já envelhecido, e vendo a coroa portuguesa passar para a cabeça de um estrangeiro, D. Filipe II de Espanha, foi junto do rei rogar‐lhe a permissão de renunciar ao seu cargo eclesiástico, a ir albergar‐se, destituído de honras e riquezas, naquele convento vianês, erguido com tanta devoção. 

Encerrado numa cela desprovida de qualquer conforto, passava os dias entregue a orações e leituras de obras edificantes. Mas, de vez em quando, deambulava pelo bairro dos pescadores, perto do convento, acudindo, caridoso, aos padecimentos e angústias daquela gente do mar, que o venerava e a ele recorria, em horas difíceis. 

Um dia, porém, o lar humilde e pobre que visitava, não reconhecendo, naquele velho frade, D. Frei Bartolomeu dos Mártires, recebeu‐o com desagrado, revoltado, como estava, com a desgraça que lhe caíra em cima: a morte prematura da mulher do pescador, apesar de todas as rezas fervorosas aos Céus, quer do marido, quer da jovem filha, a quem pesavam, agora, os cuidados da casa e os cuidados para com o pai. Entendeu e perdoou o arcebispo a atitude hostil dos dois infelizes, mas não deixou de lhes recomendar resignação, pondo à disposição de ambos para quanto necessitassem; para qualquer súbita aflição.

E, num Inverno mais rigoroso, com o mar sacudido por ventos ciclónicos, chuva e trovoadas assustadoras, eis que a órfã procura o velho frade para que, com as suas preces, ele alcançasse de Deus o favor de um milagre: o milagre do seu pai, arrais de uma companhia de mais quatro homens, conseguir fazer que o seu barco, quase naufragado no turbilhão das vagas, galgasse a barra, são e salvo.

O arcebispo, comovido, logo tranquilizou a jovem, garantindo‐lhe que, após soarem cinco badaladas no sino do Convento, a pequena embarcação iria varar, intacta, nas areias da praia, trazendo a bordo, também intacta, toda a companha. Mais: com o fundo a abarrotar de pescado!

E assim aconteceu.

A cada uma das cinco badaladas soltas da torre sineira de São Domingos, aqueles cinco pescadores, exaustos e desesperados, ganhavam uma nova energia, uma nova coragem, que os impelia a remar até à praia, onde o povo gritava, impotente para os socorrer. Mal soara a quinta badalada, eis que, como D. Frei Bartolomeu dos Mártires havia prometido, o barco, intacto, vara na areia da praia, trazendo, também intacta, toda a tripulação. E com o fundo a abarrotar de pescado!

Desembarcados, os cinco pescadores ajoelharam, agradecendo a Deus tal prodígio.

E, sabendo da boca da filha do arrais quem intercedera por eles aos Céus, livrando‐os de tão duro transe, quando a morte lhes surgia, a todo o instante, diante dos olhos aterrados, logo correram ao Convento, a confessarem‐se ao arcebispo devedores da graça recebida. Mas a modéstia de D. Frei Bartolomeu dos Mártires recusou‐se a assumir à janela estreita da cela, para lhes receber a gratidão. 

Outros milagres, muitos outros, são atribuídos à bondade do velho arcebispo.

Ao falecer, foi enterrado à esquerda do altar‐mor da igreja do Convento.

Aí, continua a atender os rogos dos pescadores da Ribeira vianesa, quando o mar lhes é padrasto. Daí, os abençoa, com o amor da sua mão sempre milagrosa. 



Fonte: VIANA, António Manuel Couto - “Lendas do Vale do Lima”. Ponte de Lima: Valima - Associação de Municípios do Vale do Lima, 2002, p. 22-25. Ilustração de António Vaz Pereira

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