O Grupo de Danças e Cantares Besclore foi fundado em 1987, é uma das vertentes do Grupo Cultural e Desportivo dos Trabalhadores do Grupo Novo Banco.

Composto por cerca de 40 elementos visa “recolher, representar, promover e divulgar as tradições, usos, costumes, danças e cantares do povo do Alto e Baixo Minho português”. Iniciando a sua representação etno-folclórica nas danças, nos cantares e no trajar do final do XIX, princípio do séc. XX.

O Grupo leva já alguns anos de actividade na exibição da policromia dos trajes de Viana do Castelo, do requinte dos trajes de Braga, da elegância das modas dos vales dos rios Ave e Este, e da vivacidade e alegria contagiante das modas da Ribeira Lima e Serras d`Arga e Soajo.

Tem ao longo dos anos participado em inúmeros espectáculos, festivais de folclore e romarias de Norte a Sul do Pais.Além de Portugal, o Besclore já se exibiu em Espanha, França, Inglaterra e Itália.


Fotografia de Grupo de Agosto de 2014
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Lenda de Viana


Era uma vez uma pequena povoação nascida na margem direita do rio Lima, junto à foz, quando as águas doces e vagarosas se misturam com o bravio das ondas salgadas. Chamava‐se Átrio e tinha, sobranceira, uma montanha densa de arvoredo, onde no alto existia a fortificação de um castro habitado por povos sem nome e que, a dada altura, desceram ao litoral, buscando, na pesca, melhor alimento e mais comércio. Era extremamente bela, entre veigas cultivadas, palmos de hortas viçosas, redis, pomares e vinhedos, mas a sua 
principal vocação era o mar, a pesca.

Na praia, várias embarcações esperavam pelas madrugadas para serem lançadas às vagas, com o afã dos remos, o aceno das velas e o espalhar das redes. Pelo entardecer, as companhas regressavam ao átrio, para a alegria das mulheres e das crianças, com o fundo da embarcação farto de pescado palpitante: a sardinha, o carapau, a faneca, o congro...  

Vinham, rio abaixo, habitantes de outras povoações, para o abastecimento pródigo das suas mesas.


Ora, morava no Átrio, na modéstia de um casebre, uma linda rapariga chamada Ana, filha de pescador e desenvolta na venda do peixe, sempre com uma canção nos lábios, ouvida a algum jogral chegado da vizinha Galiza, onde animava os serões dos paços e os terreiros das romarias. Escutava‐lhe, deliciado, estas cantigas de amor e de amigo, um jovem barqueiro que, transportava, na correnteza do rio, até ao Átrio, lavradores e mercadores à compra de peixe fresco e saboroso.

De tanto escutar a voz harmoniosa de Ana e de lhe admirar a graça, o rapaz começou a sentir pela rapariga um amor que ia aumentando dia após dia. Confessara já aos amigos e companheiros de lida o agrado desse amor nascente. E estes, contentes com o seu contentamento, sorriam quando o moço barqueiro, ao voltar do Átrio, lhes atirava um brado feliz:

‐ Vi Ana! Vi Ana!

Um dia, porém, não se contentou em vê‐la e dirigiu‐lhe e palavra, num enleio que lhe corava as faces. A rapariga, percebeu o vivo interesse amoroso do rapaz por ela, os olhos brilhantes sobre o rosto, sobre o cabelo dela. O seu coração lisonjeado retribui‐lhe esse interesse, retribuiu‐lhe esse amor. Não tardou em realizar‐se a boda dos dois enamorados. Durante os festejos, os companheiros e amigos do noivo recordaram‐lhe o brado entusiástico:

‐ Vi Ana! Vi Ana!

O dito foi logo adoptado pelos pescadores do Átrio que passaram a repeti‐lo quando, regressavam dos trabalhos duros da faina, se lhes deparava o vulto acolhedor da montanha, as praias doiradas, as veigas férteis, as águas lentas do rio e a paz dos seus lares:

‐ Vi Ana! Vi Ana!

Ao conceder o foral à povoação da foz do Lima, em 1258, o rei D. Afonso III, que a visitara tempos antes, extasiando‐se com tanta beleza e prosperidade, substituiu‐lhe o nome de átrio pelo de Viana. Por certo, alguém lhe revelara aquele brado de amor. E só amor merece terra tão abençoada!



Fonte: VIANA, António Manuel Couto - “Lendas do Vale do Lima”. Ponte de Lima: Valima - Associação de Municípios do Vale do Lima, 2002, p. 53-54. Ilustração de António Vaz Pereira

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